Adolescência
- André Cabral
- 8 de mai.
- 2 min de leitura
Atualizado: 15 de mai.

ADOLESCÊNCIA – Comentada nas salas de aula, abordada nos consultórios, teçamos alguns comentários. Não encontramos o monstro ou o perverso, mas um jovem comum, de família comum, com pais comuns. Este estado ordinário produz certa inquietude ao espectador. A sociedade se olha no espelho, vislumbra a imagem do horror. O trágico se apresenta: notabilizamos o mal-estar digital e o desamparo frente à ausência do Outro e da derrocada do espaço público. O filósofo Byung-Chul Han explicita que para a sociedade capitalista industrial o regime é disciplinar. Encontramos o encarceramento e o isolamento no modelo panóptico das prisões. A mobilidade é restringida, a vigilância é permanente e o sujeito sabe ser observado. O corpo é coagido e interditado para o trabalho. Na grande mídia, o sujeito é passivo, não entra em cena. Por outro lado, na era digital o regime não é disciplinar, mas de informação. Não é o corpo (na biopolítica), mas o psíquico (na psicopolítica) que representa objeto de interesse. Não são as celas, mas a rede de comunicação. Não se isola, conecta-se. Explora-se a liberdade em vez de reprimi-la. Os sujeitos se sentem livres quando nunca foram tão capturados. Liberdade e vigilância tragicamente coincidem. A dominação não ocorre pela dor e tortura (poder Soberano) ou pelo entretenimento (televisão), mas pela infodemia (excesso de informações). Byung Hun explicita que a sociedade mimética se torna incapaz de racionalizar os argumentos – desaparece a noção de verdade nesta reedição do niilismo. Tragicamente, não combatemos memes com a verdade. Nas infocracias, encontramos infraestruturas responsáveis por produzir fakenews. A informação não vai para o público, passa do privado para o privado (filtro bolhas). Os sistemas de algoritmos digitais não permitem alteridade ou a diferença. Por fim, não se imagina o ponto de vista dos ausentes. Com a derrocada do espaço público e do debate por ele suscitado, decaímos à condição de “sociedades Autísticas”. Por esta exacerbação das individualidades, somos facilmente cooptados pela racionalidade neoliberal. Eis o que parece ser um drama
incontornável e desolador da série à realidade (Por André Cabral 07/05/25) (Postagem adaptada para Instagram)
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