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Transexualidade (ou transidentidades)

  • Foto do escritor: André Cabral
    André Cabral
  • 18 de jun.
  • 2 min de leitura
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TRANSEXUALIDADE - É comum ouvirmos que as transidentidades advêm de uma condição biológica: “o sujeito nasce assim”. Essa interpretação permite afirmar que as transidentidades existiram no passado tanto quanto existem agora, com a diferença de que, anteriormente, não encontravam um espaço democrático para se manifestar. Esse argumento é compreensível, já que visa proteger indivíduos da transfobia. Inúmeros ataques buscam supostamente prevenir a sociedade de uma “epidemia” trans. Além disso, afirmar que as transidentidades estão suscetíveis ao discurso parece encontrar resistência na comunidade LGBT, posto haver a interpretação de que a vivência trans seria menos verídica e decorrente de modismo. Apelando igualmente  para uma ontologia ahistórica, encontramos a noção de diferença sexual em Freud. Ainda hoje, há certa resistência frente às transidentidades, o que permite compreender a coerência das críticas realizadas por Preciado. Para alguns analistas, as transidentidades negariam a diferença sexual, correspondendo a uma forma psicótica de empuxo à mulher — temática delirante que encontramos no caso Schreber — ou uma forma de negação ancorada no desmentido da castração, espécie de sintoma social que imporia tanto um imperativo de gozo quanto a ilusão de controle total sobre o corpo. É verdade que a psicanálise buscaria manter seu rigor e posição epistêmica, não sendo suscetível aos apelos sociais. Os anticorpos parecem, neste caso, tê-la imunizado demasiadamente. Apoiar-se numa lógica binária como reconhecimento da diferença sexual pressupõe uma invariante antropológica que nem sempre foi tão evidente na história. Recorrer ao universal, sem deixar-se afetar pela historicidade, parece mais um modo de negar a indeterminação e a angústia por ela suscitada, do que reconhecer a radicalidade da pulsão. É fulcral compreender que as epistemologias estão sujeitas às contingências e a historicidade, tanto quanto a ontologia está. A questão a ser feita frente ao aumento de pessoas trans é: e daí? Nada na ética (teleologia)nos leva a afirmar que devemos privilegiar as binaridades ou heterossexualidades em relação a outros modos de identificação. (André Cabral 18/06/25)

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